Marie Claire - O papel de Waris é o seu primeiro como protagonista e você já recebeu um prémio por ele (o Chopard Trophy, que acontece em paralelo ao Festival de Cannes) como atriz revelação, em maio deste ano. Você pretende continuar a carreira como atriz?
Liya Kebede - Sim. Foi algo completamente novo que aconteceu na minha vida e de que gostei muito. Encontrei coisas maravilhosas atuando e estando no set todos os dias, trabalhando com pessoas incríveis. Tenho algumas coisas em vista, mas ainda não posso falar delas.
MC- Você se encontrou com Waris para preparar o papel?
LK - Não, na verdade eu a conheci no último dias das filmagens! Ela ficou à parte e nos deu liberdade para trabalhar na história. Com isso eu pude fazer daquilo algo meu, o que é ótimo.
LK - Não, na verdade eu a conheci no último dias das filmagens! Ela ficou à parte e nos deu liberdade para trabalhar na história. Com isso eu pude fazer daquilo algo meu, o que é ótimo.
MC - Qual o significado de interpretá-la no filme sobre sua vida?
LK - Waris teve uma vida surpreendente. É quase surreal, se você pensar no que ela passou quando era criança e como lidou com as coisas que lhe aconteciam. Como respondeu ao fato de estar perdida em Londres, decidir ficar quando todos estavam partindo, mesmo sem falar inglês, não conhecer ninguém e não ter um lar. Acho que muitos podem encontrar inspiração nela e na sua coragem. Eu também gosto da maneira como não se tornou uma vítima daquilo que lhe aconteceu. Ela apenas se disse: “vou mudar o rumo da minha vida”, como por instinto. E onde chegou com isso é inacreditável.
LK - Waris teve uma vida surpreendente. É quase surreal, se você pensar no que ela passou quando era criança e como lidou com as coisas que lhe aconteciam. Como respondeu ao fato de estar perdida em Londres, decidir ficar quando todos estavam partindo, mesmo sem falar inglês, não conhecer ninguém e não ter um lar. Acho que muitos podem encontrar inspiração nela e na sua coragem. Eu também gosto da maneira como não se tornou uma vítima daquilo que lhe aconteceu. Ela apenas se disse: “vou mudar o rumo da minha vida”, como por instinto. E onde chegou com isso é inacreditável.
A jovem Soraya Omar-Scego interpreta Waris criança, quando morava com a família no deserto da Somália
MC - A modelo brasileira Shirley Mallmann voltou às passarelas na última SPFW e disse que a moda está mais diversificada do que quando ela começou, há 15 anos. Você concorda com ela?
LK - Acredito que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Não acho que a moda seja diversa como deveria ser. Mesmo se vemos alguma diversidade na passarela, não acho que seja suficiente nas revistas e na publicidade. Acredito que é muito importante que ambos caminhem juntos.
MC - A revista “Time” colocou você na lista das pessoas mais influentes do mundo em 2010, ao lado do presidente Lula. Antes disso, você foi nomeada uma Young Global Leader (jovem líder global) pelo a pelo Fórum Econômico Mundial. A que se deve esse reconhecimento?
Depois de revelar seu drama à Marie Claire, Waris (na foto interpretada por Liya) se tornou embaixadora da ONU na luta contra a mutilação genital feminina
Eu fiquei humildemente surpresa com a indicação. Estou com a Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2005 (Liya é embaixadora para a saúde de mães, recém-nascidos e crianças) e tento trazer atenção para os problemas de mulheres durante a gravidez em locais como a África. É uma causa para a qual ninguém dá atenção e ninguém quer financiar. Isso ocorre porque as mulheres têm morrido no parto desde sempre, então, por não ser uma coisa nova, as pessoas não olham mais para isso.
MC - Você também criou uma linha de roupas para ajudar tecelões do seu país (na entrevista, Liya usava uma escarfe branca com detalhes em roxo da marca).
Começamos a Lemlem três anos atrás. Era uma linha de roupas para crianças no início, mas, quando as mães viam os modelos - e mesmo eu, na verdade - diziam “se fosse maior, eu usaria!”. E foi assim que começamos a linha feminina, que está na sua segunda estação. O objetivo é ajudar a dar empregos às pessoas e estamos em um momento ótimo. Desenhamos as peças e os tecelões de Addis Ababa (capital da Etiópia) as executam de maneira tradicional. Quanto mais vendemos, mais tecelões temos de empregar, pois não se trata de máquinas, e essa é a beleza do negócio.
Por: Bruna Carvalho
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