segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Mutilação Genital Feminina

Assinala-se hoje o Dia internacional de tolerância zero à mutilação genital feminina.
Lisa Vicente é médica ginecologista e conta que já lhe passaram pelas mãos várias mulheres vítimas de mutilação genital feminina (MGF). A nível nacional, a prática mais comum é a
clitoridectomia, ou seja, a remoção total ou parcial do clítoris ou da pele que o cobre. Em Portugal ainda não há números, mas a responsável pelo departamento de saúde reprodutiva da Direcção-Geral da Saúde (DGS) garante que o facto de não existirem dados estatísticos “não significa que [a MGF] não seja uma realidade”. A médica afirma que ainda há uma “face oculta” na sociedade, que faz com que mulheres vítimas de mutilação não queiram dar a cara.
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O primeiro programa nacional para a eliminação desta prática foi lançado em 2009. Entretanto já vamos no segundo programa, que está em vigor até 2013 inserido no plano nacional para a igualdade de género, cidadania e não discriminação.

A mesma responsável da DGS declara que “a educação é crucial”, porque “os próprios profissionais de saúde às vezes não sabem muito sobre a MGF, como orientar as mulheres ou como falar com elas”. “É preciso dizer que isto existe”, diz a médica da DGS, acrescentando que “se uma pessoa não estiver atenta [a MGF] pode passar despercebida”.
No sentido de ajudar os profissionais de saúde a “procurar” estes casos e a saber orientá-los, foram já traduzidos diversos documentos e promovidas acções de formação. A Associação para o Planeamento da Família (APF) e a Amnistia Internacional Portugal (AI) têm tido neste campo um papel importante, tentando sensibilizar a população através da elaboração de estudos e promoção de workshops e acções de formação (através de uma campanha a nível europeu).

A APF faz o trabalho de campo e lida com as vítimas (...) e a AI promove acções de sensibilização.
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A mutilação genital feminina inclui procedimentos que alteram intencionalmente os órgãos genitais femininos por motivos não médicos, não tendo qualquer benefício para as mulheres. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 140 milhões de raparigas e mulheres em todo o mundo tenham sido submetidas a esta prática. A MGF é mais comum nas regiões oeste, este e nordeste de África, em alguns países da Ásia e do Médio Oriente, e entre migrantes destas áreas.

Os motivos para este tipo de mutilação são vários, incluindo causas culturais, religiosas e sociais enraizadas nas comunidades. É considerada uma forma de iniciação da rapariga à idade adulta, bem como uma preparação para o casamento através daquilo que se considera ser um “desencorajamento” da infidelidade. Os órgãos sexuais são, nestas comunidades, considerados “sujos” e próprios dos homens, daí que a sua remoção contribua para a “limpeza” da mulher.

06.02.2012. Por Rita Araújo
Fonte:
http://www.publico.pt/Sociedade/mutilacao-genital-feminina-realidade-em-portugal-e-ainda-pouco-conhecida-1532458

Por: Joana Silvestre

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